É notável a insatisfação decorrente da queda na audiência do “Jornal da Record”, que chegou ao seu nível mais baixo em outubro, e da exibição no “Domingo Espetacular” de uma reportagem utilizada pela Igreja Universal para atacar rivais religiosos.
Um dos mais experientes repórteres da televisão brasileira, Carlos Dorneles teria pedido para sair da Record, insatisfeito com os rumos do jornalismo na emissora. O repórter negou a demissão e a situação foi, aparentemente, contornada. Mas a verdade é que o clima não está bom entre os profissionais que trabalham lá. A informação foi confirmada por um blogueiro com três profissionais da Record, que pediram anonimato.
A direção da emissora não concorda com o termo “crise”.
Além de Dorneles, outros repórteres experientes, quase todos com longa história na Globo e em outras emissoras, têm manifestado incômodo com as novas orientações do jornalismo, feitas no esforço de recuperar o Ibope perdido. “Não estou fazendo jornalismo, estou fazendo entretenimento”, disse um.
O alvo de muitas reclamações é o editor Rafael Gomide, originalmente responsável por programas como “Câmera Record” e “Repórter Record”, hoje influente em todos os noticiários. É Gomide que assina a reportagem sobre o “cai-cai”, exibida no último domingo.
Durante os Jogos Pan-Americanos, Paulo Henrique Amorim, apresentador do “Domingo Espetacular”, teve uma discussão com Gomide que tornou-se pública. “Comigo você não mexe”, teria dito Amorim ao editor do programa.
Em resposta ao texto acima, publicado no UOL a Record emitiu um “comunicado” no qual não contesta nenhuma das informações publicadas, mas diz que não há “qualquer sinal de crise” na emissora e sugere que os problemas relatados são fruto da “permanente avaliação do trabalho”. Abaixo a nota da emissora:
“A Rede Record informa que o seu Departamento de Jornalismo conta com mais de 1000 jornalistas em todo o País e produz oito horas diárias de noticiário. Este trabalho das equipes de reportagens acaba de ser reconhecido com a conquista do Prêmio Esso de Telejornalismo – o mais importante do Brasil. Com redações espalhadas por todo o Brasil e vários escritórios internacionais, o processo desenvolvido pelo Jornalismo da emissora é de permanente avaliação do trabalho. Esse ambiente democrático é necessário na busca da melhor informação e não representa qualquer sinal de crise.”
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