E N T R E V I S T A
Estilo inconfundível e pouca cerimônia para dizer a verdade, não é apenas na música que Nivea Soares tem identidade marcante.
Na última sexta-feira a cantora recebeu dezenas de jornalistas cristãos em São Paulo para falar sobre o seu novo projeto, o “Nivea Soares Acústico”.
Animada, Nívea deu às suas respostas o mesmo tom que dá às suas canções: educada, porém confrontadora, sempre pronta a dizer algo surpreendente e demonstrar alguma verdade sobre a Bíblia e sobre Deus.
O novo projeto é uma seleção de músicas que marcaram a carreira da cantora, além de algumas canções inéditas. A gravação será na quarta-feira, dia 18 de fevereiro, no Citibank Hall em São Paulo, e está sendo produzido pela Aliança.Segundo Ricardo Carreras, diretor-executivo do projeto, o local foi escolhido primeiramente pelo desejo de Nívea e Gustavo Soares de realizarem algo em São Paulo, e também pelo fato da cidade dispor de grandes vantagens tecnológicas e logísticas para a realização do evento.
O palco do Citibank Hall, comprido, é ideal para a gravação de um projeto em alta definição. O formato acústico, por sua vez, é uma tendência da música cristã e dará conta de eternizar algumas das canções mais marcantes da carreira da cantora.O resultado da conversa da última sexta-feira você confere abaixo.“Nós ministros de louvor gostamos de manipular o povo, e nós sabemos fazer isso direitinho”
ENTREVISTA NÍVEA SOARES
1. (GERAÇÃO DT) Diante de um mercado gospel cada vez mais saturado de produtos, você acredita que esse projeto “Acústico” pode ser algo além do que mais um produto nas prateleiras das lojas?
Eu preciso acreditar nisso, cara, se não eu não faço nada. Eu e meu marido lidamos com gravação desde muito cedo, e eu fiquei estragada a anos atrás, quando eu fui tocada pela glória de Deus: não consigo mais fazer música só por fazer. Quando esse projeto veio eu orei e falei: “Deus, e aí? O que o Senhor tem a esse respeito?”. O Senhor me disse claramente: “avance em direção às minhas promessas”.Dissemos “sim” a esse CD acústico e Deus começou a gerar algo no meu coração. Em janeiro recebemos palavras específicas sobre o porquê de regravarmos essas canções, e Deus trouxe uma direção sobre o que Ele está fazendo primeiro em nós e sobre o que Ele vai liberar através desse CD.
nosso desafio é ser canal. Da gente não vai sair nada que preste, mas quando o Espírito Santo de Deus vem as pessoas são transformadas, aí vale a pena.
“Vamos parar de mentir: a gente gosta de bajulação, ou você não gosta? Eu amo!”
2. Que direção é essa que Deus te deu?
Deus começou a falar comigo no livro de Malaquias: os sacerdotes ofereciam sacrifícios de qualquer maneira. Eles já estavam carecas de saber como é que se fazia, mas eles estavam oferecendo animais que tinham manchas porque era mais fácil, mais barato, era um tempo de carestia, qualquer coisa pra Deus estava bom, e de repente Deus fez com que eles começassem a olhar para si mesmos e a rever seus caminhos. É isso que Deus têm me dito: nós não podemos lidar com as coisas dEle do nosso jeito. Tem um jeito certo de lidar com Deus, não é de qualquer maneira. Nós precisamos reaprender a fazer a obra de Deus. Esse CD fala sobe volta, sobre humilhação. Tem uma versão de uma música Matt Redman que está entrando no repertório, ela diz que eu sou muito bem vindo na presença de Deus, mas tem um jeito de fazer, tem que ser com o rosto no chão.
“Precisamos reaprender a fazer a obra de Deus”
3. (GERAÇÃO DT) Os CDs e DVDs do mercado gospel têm sido objeto de consumismo nas igrejas, e muitas pessoas já esperam que a cada novo CD vai vir “algo novo” de Deus na vida delas, isso cria uma dependência que se reflete até mesmo na publicidade desses produtos. Como você se posiciona diante desse jeito de pensar?
Eu não creio que adoração seja um produto, eu não acredito que seja nem música: adoração é a situação espiritual de todo mundo que vem pra Jesus, e nós precisamos dizer isso pros pequenininhos que compram nossos CDs achando que dependem da gente pra alguma coisa. A galera do marketing fica doida comigo, mas eu preciso dizer a verdade: vocês não precisam do meu CD, todo mundo é livre pra receber de Deus. Tudo depende só do Espírito Santo que habita em nós, agora mesmo nós podemos ser cheios do Espírito Santo nessa salinha de hotel. O Espírito Santo de Deus está aqui (Nívea aumenta o tom de voz e demonstra-se bastante emocionada), importa que Jesus seja entronizado, que o nome dEle seja levantado na Terra. Nós vamos passar, as nossas músicas vão ser esquecidas. Importa que o Cordeiro de Deus seja exaltado, o resto vai se derreter como essa maquiagem que eu estou usando vai se derreter se eu chorar muito.A palavra que Deus tem trazido no meu coração é “libera o povo pra estar diante de mim, libera o povo da sua manipulação”. Nós ministros de louvor gostamos de manipular o povo, e nós sabemos fazer isso direitinho, a gente é bom nesse negócio. Precisamos amadurecer como Igreja. Sempre vão existir lideranças, isso é algo que Deus estabeleceu, mas não existem gurus, já tem mais de dois mil anos que isso acabou. O Espírito Santo não depende de Nívea Soares pra fazer nada. É uma ilusão pensar que eu sou “profeta sobre a nação brasileira”, uma pretensão sem tamanho. Hoje em dia já não existe mais essa coisa de “profeta oficial de nação”, existe um corpo de Cristo que funciona junto.
“Eu fiquei estragada a anos atrás, quando eu fui tocada pela glória de Deus”
4. Qual o seu conselho aos ministros de louvor da atualidade então?Morra! Morra é um bom conselho. Eu sempre digo aos músicos: você precisa se envolver com gente, Jesus se envolvia com gente, Jesus desceu, o que é que você está fazendo ai em cima?
A gente tem uma visão mística dos ministros, eu já tive vários “arranca-rabo” com muita gente por causa disso. Quando a gente caminha junto sabemos: todo mundo tem problema, tem conflito. O que eu digo pros músicos é: simplesmente seja gente, seja humano, e deixa Deus ser Deus, morra pra você mesmo, e deixe Deus fazer.
"Morram"!
5. (GERAÇÃO DT) Nívea, você não acha difícil tirar o artista da plataforma se tem um canhão de luz, telões e fumaça envolvendo esses ministros, e toda uma estrutura física montada pra exaltar a sua figura?
É complicado isso ai, muito complicado. Mas nós precisamos nos posicionar. Vamos dizer a verdade: nós ministros gostamos de uma plataforma, de uma fumaça, nós gostamos de bajulação, a gente é chegado nisso. O que vai mudar isso é o nosso posicionamento: é o quanto a gente diz a verdade a nosso respeito pras pessoas. Vamos parar de mentir: a gente gosta de bajulação, ou você não gosta? Eu amo! A minha carne ama esse negócio. Mas tem que morrer, carne tem que morrer. Lugar de carne é na cruz e no açougue. Eu posso tirar as luzes, posso tirar a plataforma da frente, colocar no meio, atrás, não importa. O que a gente precisa na verdade não é mudar a posição do palco ou apagar as luzes, o que a gente precisa mudar é aqui dentro, o coração da gente é que precisa ser trocado. O resto é tudo aparência e vai passar.
6. (HORA NEWS) - Praticamente todos os seus músicos deixaram seu ministério no começo de 2008, como têm sido se adaptar a essa nova realidade?
Toda mudança é dolorosa, mas vez por outra Deus dá uma chacoalhada pra nós caminharmos pro centro da vontade dEle. Deus têm provido, sustentado e trazido pessoas preciosas para estarem conosco. Temos muita saudade do Léo, do Samuka, mas Deus está conduzindo o caminho de cada um deles.
“Adoração é a situação espiritual de todo mundo que vem pra Jesus”
7. Você escolheu pra gravar a canção “Sobre as águas”, uma canção antiga da sua época no quarteto “Muito Mais”, porque essa escolha?
É uma música velha, mas se tornou muito atual. Eu nunca pensei que eu ia regravar essa canção… ela fala da situação do meu coração naquela época, quando eu era adolescente: eu não sei onde é que eu estou, pra onde eu vou, mas eu quero andar sobre as águas, porque o Senhor está ai no meio das águas. Ela fala sobre caminhar nesse sobrenatural, viver os sonhos de Deus, muita gente vai se identificar.
8. Como você escolheu as pessoas que farão participação especial nesse projeto? O que elas representam na sua vida?
A idéia era pegar pessoas que fizeram parte da minha história de vida, todos eles são amigos.Eu conheci o David Quinlan quando eu tinha uns 15 anos de idade. Estávamos na Lagoinha e a gente nunca tinha visto alguém ministrar e o ambiente mudar. Mas quando o David abria a boca a presença de Deus vinha, e os cultos começaram a durar de três a cinco horas. Eu me lembro do dia em que nós fomos pra um acampamento com o David e ele colocou a mão na minha cabeça e disse: “Deus vai te dar canções que vão tocar essa nação”, eu nunca me esqueci daquele dia. E eu nunca me esqueci das vezes que David Quinlam me chamou pra cantar com ele.A Ana Paula é muito querida: Eu era uma menina tímida na Lagoinha, e um dia eu recebi um telefonema: “Ni, nós vamos gravar um CD da Lagoinha e eu quero te chamar pra ser um dos vocais”, foi uma cura de Deus pra mim, e é difícil mensurar o tanto que Deus já usou a Ana na minha vida e ainda usa, eu amo aquela menina apaixonadamente, sou fã dela: como pessoa, como ministra, como mãe, como esposa, é uma delícia estar com a Ana.O Adhemar de Campos está cuidando de mim e do Gustavo: ele manda mensagem toda semana dizendo que ama a gente, que está com a gente, ora por nós. Teve uma época que estávamos passando por muitas lutas, e ele saiu daqui de São Paulo e foi parar lá na minha casa pra tomar café da manhã comigo. Quando a Ana orou por mim e pelo Gustavo, nos liberando publicamente no Congresso do Diante do Trono, foi o Adhemar que estava lá, foi ele que pôs a mão na minha cabeça. Ele é muito precioso.A Fernanda Brum é uma amiga que eu tive o prazer de conhecer há alguns anos. Nós ministramos juntas algumas vezes, tivemos uma experiência muito profunda na Inglaterra ano passado. Tem outras pessoas que marcaram muito a nossa vida e que eu ainda quero que estejam conosco, aos poucos nós queremos ter a oportunidade de chamar outros amigos.
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