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segunda-feira, 29 de março de 2010

Waldomiro Santiago em matéria na Revista Época

Leia um trecho da matéria da revista; A parte que está em itálico, refere-se 
ao texto que estava em destaque na revista:

Uma das histórias que mais me impressionou foi de um homem que morreu. 
Como se diz no Nordeste, ele estava na pedra. A família já tinha recebido 
atestado de óbito.  A filha dele chegou em mim na igreja, me abraçou e 
disse: “Se o senhor disser que ele está vivo, ele viverá”. O que houve ali foi
pela fé dela. Comovido, respondi: “Então, está vivo”. Quando ela voltou para
casa, estavam se preparando para velar o corpo e receberam a notícia de 
que o homem havia voltado à vida. Os médicos tentaram justificar, mas não 

conseguiram entender como o coração dele voltou a bater. 
Foi uma ressurreição.

O relato acima foi feito em 2009 pelo líder evangélico Valdemiro Santiago de O

liveira numa de suas raras entrevistas, concedida a uma publicação evangélica 
chamada Eclésia. Alto, negro, extrovertido, de fala rouca cheia de erros de 
português e forte sotaque mineiro, Valdemiro, de 46 anos, é o criador, líder 
absoluto e autoproclamado “apóstolo” da Igreja Mundial do Poder de Deus. 
Caçula entre as neopentecostais, a igreja foi fundada em 1998, em Sorocaba, 
interior de São Paulo. Mineiro de Palma, região de Juiz de Fora, Valdemiro gosta 
de se definir como “homem do mato” ou  “um simples comedor de angu”. 
Na pregação diária de bispos e pastores  e no boca a boca de milhares de fiéis, 
é reverenciado como milagreiro.

 Além de afirmar ressuscitar os mortos, cultiva a fama de curar de aids,
 câncer, cegueira, surdez, tuberculose, hanseníase, paralisia, alergias,
 coceiras e dores em qualquer parte do corpo e da alma. Num domingo
 com três cultos, Valdemiro chega a apresentar mais de 30 testemunhos
 de cura. ÉPOCA tentou falar com Valdemiro durante dois meses. As
 solicitações foram feitas por meio de assessores e bispos e diretamente
 a ele, na saída de cultos. Em duas ocasiões, ele prometeu dar entrevista,
 mas nunca agendou. Dissidência da Igreja Universal do Reino de Deus,
 a Mundial é a menos organizada das evangélicas. Seus templos têm
 instalações precárias. A pregação é classificada por alguns como “primitiva”.

Há gritos, choros e performances espalhafatosas. Até suas publicações são
 visivelmente mais pobres que as das concorrentes. Apesar de fazer
 quase tudo no improviso, a Mundial já é considerada o maior fenômeno
 religioso do Brasil desde a criação da Igreja Universal, em 1977, sob
 a liderança do bispo Edir Macedo. Mais que isso, a Mundial começa a se
 firmar como ameaça ao império que a Universal ergueu no campo das
 neopentecostais.
 

Carismático, intuitivo, meio desafiador, meio fanfarrão, Valdemiro comanda
uma estrutura que, de acordo com números da igreja, reúne 2.350 templos,
 cerca de 4.500 pastores e tem sedes em mais 12 países. Só em aluguéis
 de imóveis para cultos a Mundial gasta R$ 12 milhões por mês, segundo
 estima o diretor de compras da igreja, Mateus Oliveira, sobrinho de Valdemiro.
 Em número de templos, a Mundial superou duas de suas três concorrentes
 neopentecostais: a Internacional da Graça, do missionário R.R. Soares,
 e a Renascer, do casal Estevam e Sônia Hernandes. Nos últimos dois anos,
 a Mundial praticamente multiplicou por dez seu tamanho (em 2008,
 eram 250 templos). Mantido o atual ritmo de crescimento, ela ultrapassaria
 a Universal até 2012. A igreja de Edir Macedo afirma ter 5.200 templos e
 10 mil pastores.

 Uma característica nova na expansão da Mundial está naquilo que o
 sociólogo Ricardo Mariano, estudioso de religião na Pontifícia Universidade
 Católica do Rio Grande do Sul, chama de “pescar no próprio aquário”.
 Estudos sugerem que a maior parte dos seguidores da Mundial veio de outras 

neopentecostais, principalmente da Universal. Poucos eram do meio católico, 
tradicional fornecedor de fiéis para denominações evangélicas. “Calculo que 
mais de 50% dos membros da Mundial saíram da Universal, uns 30% da 
Internacional da Graça e o resto das demais evangélicas ou outras religiões”, 
diz Paulo Romeiro, professor de teologia da Universidade Presbiteriana 
Mackenzie e autor de um livro sobre a igreja.

Na cúpula da Mundial, a presença de ex-membros da Universal é expressiva.

Estima-se que 90% dos bispos e até 80% dos pastores tenham sido
formados por Edir Macedo. O próprio Valdemiro tem origem na Universal, 
onde atuou por 18 anos. O apetite com que a Mundial avança sobre a 
Universal aparece até na distribuição geográfica dos templos. Valdemiro 
tem predileção por instalar igrejas em imóveis que já foram ocupados 
pela Universal.

Parte do encanto de Valdemiro está na imagem messiânica que ele 

construiu em torno de si, contando histórias mirabolantes. A mais 
espetacular está no livro O grande livramento: ele descreve um naufrágio 
que sofreu em Moçambique em 1996, quando ainda era da Universal. 
Valdemiro diz que ele e três conhecidos foram vítimas de uma grande
sabotagem, que fez a embarcação afundar a 20 quilômetros da costa. 
A partir daí, a história ganha ares cinematográficos.

Valdemiro na época pesava 153 quilos (anos depois, ele faria uma 

cirurgia de redução de estômago). Ele diz que deu os únicos três 
coletes aos colegas e começou a nadar a esmo. Diz ter nadado 
oito horas “contra forte correnteza”, “ondas gigantes” e cercado por 
“tubarões-brancos assassinos” e “barracudas agressivas”. 
Na travessia,  prossegue sua narrativa, um pedaço de sua perna foi 
arrancado e seus olhos foram queimados por “águas-vivas gigantes”. 
Quando finalmente chegou à praia, diz ele, dormiu na areia e acordou 
nos braços de dois estranhos, “africanos seminus”. “Tive a clareza 
de que os anjos do Senhor haviam me visitado e me dado o livramento”, 
diz. Dos três companheiros, dois morreram e um foi resgatado. 
Na época, jornais noticiaram o naufrágio, mas muita gente na igreja 
duvidou do relato. Um bispo foi à África fazer uma sindicância, mas 
isso não sanou as dúvidas.

Valdemiro também conta outros três causos de “livramento”. Diz que, 

numa ocasião, caiu do 8º andar de uma obra, mas nada sofreu.
Afirma também que, passeando de carro “na África”, uma bomba de
 um campo minado explodiu “arremessando nosso carro uns 3 
metros para o alto”. Diz ainda que sofreu uma tentativa de assassinato, 
mas os “matadores profissionais” erraram os cinco tiros. “Assustados, 
jogaram o rifle para dentro do carro e fugiram”, afirma.





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